Bastou uma história, um conto
para nascer de vindas poeiras o autor
sem andar, uma sujeira, uma lama,
o filho bastardo, fruto do amor...
..proibido, inibido, a muitos anos escondido...
É sempre assim, foi assim, e será um passado...
...bastardo, amado, cabisbaixo...
O tempo que nunca se encontrou,
o dia que nunca passou,
o amor que nunca cessou,
o sol frio deste calor, o livro
de suas páginas enrustidas, ..não se fechou!
Aplaudam a coragem,
venerem o tempo,
o senhor do destino,
limpem esse poeta do barro,
o chamem de filho,
ergam o menino,...
...e nos braços o acolha, o levante...
e seguindo adiante, não pare,
o levem, simplesmente o lavem,
amem-no, o dêem ânimo,
e não o escondam do amor!
O barro que o cobriu, o sujou
simplesmente o moldou,
o tempo sofrimento o fez
sim um menino sujo,
que ainda não se limpou...
Bastou uma história, um conto...
Eduardo de Sá Dehira